Já que não se pode viver atualmente sem a tecnologia, que tal reconsiderar sua atuação de vilã para ir em direção a uma ferramenta positiva e essencial para o cuidado com a saúde mental?
Nesse sentido, os problemas relacionados à saúde mental estão se tornando uma das principais preocupações da sociedade contemporânea. A crescente conscientização sobre o tema tem impulsionado a busca por abordagens atuais e tratamentos mais eficazes. Nesse cenário, a digitalização e a tecnologia emergem como ferramentas valiosas, capazes de melhorar e otimizar a acessibilidade e a eficiência de determinados tratamentos, sempre com o suporte de profissionais especializados.
Um exemplo é a telemedicina, já consolidada em diversas áreas da saúde, que tem ganhado destaque também na psiquiatria e psicologia. Essas áreas, ao lado de outras especialidades como radiologia e dermatologia, são algumas das que mais se beneficiaram com o avanço tecnológico. Na saúde mental, a digitalização permite um alcance mais amplo, integrando consultas, tratamentos e pesquisas de maneira inovadora. É assim que a tecnologia possibilita avanços significativos na detecção precoce de transtornos mentais, na personalização das intervenções e na ampliação do apoio a uma maior parte da população.
As terapias via vídeoconsultas têm se mostrado especialmente eficazes em casos de fobias sociais e agorafobia. Por meio delas, o paciente pode participar das sessões em um ambiente seguro e confortável, facilitando a comunicação e o progresso no tratamento. Além disso, com o aumento da interação digital, especialmente entre os jovens, as consultas online oferecem uma forma mais confortável e natural de se expressar.
Nas últimas duas décadas, a realidade virtual surgiu como uma solução inovadora no tratamento de transtornos mentais. Ao criar ambientes interativos, os pacientes podem enfrentar suas situações problemáticas repetidamente, aprendendo, por meio de técnicas baseadas em evidências, a superar suas dificuldades. Essa tecnologia tem se mostrado eficaz no tratamento de fobias específicas, como medo de altura, insetos ou espaços abertos. Ao simular cenários controlados e seguros, a realidade virtual permite que os pacientes enfrentem seus medos de forma imersiva, mas sem os riscos do mundo real. Assim, acredita-se que os resultados no uso da realidade virtual continuarão a melhorar, à medida que a tecnologia avança, criando novas possibilidades de tratamentos.
Dispositivos wearables também têm um papel importante na saúde mental, capturando dados sobre o comportamento e as interações dos indivíduos. Estes dispositivos são tecnologias que podem ser usadas diretamente no corpo, como acessórios ou peças de vestuário, e que têm a capacidade de monitorar e coletar dados sobre a saúde, atividades físicas ou comportamento do usuário. Esses dispositivos geralmente estão conectados a aplicativos ou sistemas digitais, que interpretam os dados em tempo real.
Aqui estão alguns exemplos comuns de dispositivos wearables:
- Smartwatches (relógios inteligentes): esses dispositivos monitoram atividades físicas, frequência cardíaca, padrões de sono e até mesmo notificam o usuário sobre condições de saúde, como ritmo cardíaco irregular.
- Pulseiras fitness: Projetadas para rastrear passos, calorias queimadas, distância percorrida e monitorar o sono.
- Óculos inteligentes: Óculos equipados com tecnologia de realidade aumentada ou com funções como gravação de vídeos.
- Roupas inteligentes: Tecidos ou acessórios com sensores embutidos que monitoram o desempenho físico ou a saúde do usuário, como camisas ou meias que monitoram batimentos cardíacos ou postura corporal.
- Fones de ouvido inteligentes (hearables): Fones que, além de reproduzirem som, monitoram aspectos de saúde, como frequência cardíaca e níveis de oxigênio no sangue, ou até auxiliam em treinos físicos.
Essas informações podem ser usadas para monitorar e avaliar a resposta de uma pessoa a determinados tratamentos, facilitando ajustes personalizados.
Pode-se dizer que, nos últimos anos, houve um crescimento significativo de aplicativos voltados à saúde mental. Esses apps variam desde aqueles que ajudam na criação de rotinas mais saudáveis até os que oferecem suporte psicoterapêutico. No entanto, os especialistas alertam que, para serem eficazes, esses aplicativos devem contar com o apoio de profissionais, garantindo segurança científica e proteção de privacidade para os usuários.
Apesar dos avanços, o estigma em torno da saúde mental ainda impede muitas pessoas de buscar ajuda. Nesse contexto, a psicoterapia online surge como uma solução acessível, especialmente em um momento em que os transtornos de ansiedade e depressão, exacerbados pela pandemia, continuam a aumentar. Além disso, a escassez de profissionais qualificados em determinadas regiões dificulta o acesso ao tratamento, e é aí que a tecnologia se torna uma grande aliada.
É necessário trabalhar na acessibilidade dessas ferramentas, eliminando barreiras e ouvindo tanto os profissionais quanto os pacientes para criar soluções personalizadas e cada vez mais eficazes. Outro desafio no atendimento de saúde mental é o custo. Tratamentos eficazes geralmente exigem sessões regulares, o que pode se tornar financeiramente inviável para muitas pessoas. As consultas online, em alguns casos, oferecem uma alternativa mais acessível sem comprometer a qualidade do tratamento. No entanto, é crucial que o suporte profissional continue sendo priorizado, garantindo que os pacientes recebam o cuidado adequado.