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O Professor como Sistematizador de Experiências

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O conhecimento sempre foi uma preocupação humana; desde os tempos pretéritos, os homens começaram a se questionar sobre como o ser humano aprende. O pensamento mais tradicional acerca da aprendizagem remonta à Grécia Clássica. Com Aristóteles, aprendemos que o conhecimento humano é fruto da experiência, ou seja, o ser humano é totalmente vazio, e o mundo vai introduzindo nele, por meio da experiência, novos saberes, vivências e conhecimentos.

O pensamento aristotélico serve de base para muitos pensadores modernos, como John Locke, por exemplo. Para ele, o ser humano é tábula rasa. Ou seja, quando nasce o ser humano é vazio, uma folha de papel em branco que vai sendo preenchida à medida que o sujeito recebe, através dos sentidos, os novos conhecimentos.

De maneira geral, o senso comum (e muitos professores) entende que a aprendizagem é fruto da experiência, da repetição e da transmissão de saberes. Ora, eu pergunto ao leitor: será que essa concepção de aprendizagem não está demasiadamente ultrapassada? Basta nos lembrarmos dos tempos de escola ou, ainda, dos tempos mais recentes, ou das aulas que observamos. Certamente, a maior parte das experiências que temos, em relação à escola está baseada em uma concepção de transmissão, de repetição. Esse modelo de entender o conhecimento se chama empirismo. Em uma concepção de aprendizagem empirista, o sujeito nada tem a priori e nada constrói ou cria: ele é extremamente passivo.

O problema é que boa parte dos professores ainda entende o ensinar e o aprender baseado em uma pedagogia da transmissão. O empirismo embasa uma prática pedagógica diretiva. Em uma pedagogia diretiva, o professor ensina e o aluno aprende. Não há nenhum tipo de interação. Todos os conhecimentos são “transmitidos” pelo professor, e ao aluno cabe a responsabilidade de copiar e reproduzir. Assim, o estudante não tem espaço para criar, ou para agir como agente do seu próprio conhecimento. Esse é o modelo que nós chamamos de tradicional. E é esse, certamente, o modelo mais presente na educação até hoje, embora, felizmente, muitos de nós saibamos que ensinar não é transmitir conhecimentos. Basta ver os discursos de formatura. Preste atenção, geralmente os alunos falam algo do gênero: professores, muito obrigado por terem nos transmitido seus conhecimentos…

Mais raramente, é claro, algum professor dirá: Eu estou muito feliz por poder transmitir os meus conhecimentos a vocês.

Esses exemplos remontam às concepções de aprendizagem desses alunos e desses professores, porque eles acreditam, provavelmente, que aprender está ligado apenas à transmissão de saberes. E isso é um grande problema para o professor e para o aluno, porque qualquer tentativa de rompimento desse paradigma pode ser traumática. É difícil, nesse sentido, inclusive, experimentar estratégias de aprendizagem ativa, porque os alunos entendem que uma aula na qual o professor não explica o “conteúdo” não é aula, então não há aprendizagem.

Essa concepção empirista está tão enraizada na nossa sociedade que, inclusive, algumas crianças ainda entendem que só aprendem aquilo que o professor ensina.

Há também o professor inatista aquele que não tem uma função ativa como no modelo diretivo, porque a capacidade de aprender é exclusiva do sujeito. Nada que o professor fizer mudará essa situação.

Hoje, mais do que nunca, é preciso repensar concepções de aprendizagem para que possamos tornar a educação um lugar de crescimento e não de traumas.

E a tecnologia não transforma, por si só, a prática pedagógica; não é suficiente ter os recursos mais modernos se, na essência, o professor seguir acreditando que os alunos nada sabem, não apenas no Ensino Superior, mas em todas as esferas do conhecimento.

Não se pode mais admitir que a educação seja opressora, ela precisa ser libertadora!

Um caminho nesse sentido se configura à luz do construtivismo, uma terceira epistemologia e uma forma mais complexa de enxergar o conhecimento. Nesse modelo, o conhecimento não está nem no sujeito nem no objeto, mas é fruto de uma relação dialética entre os dois. O conhecimento é fruto da ação do sujeito e, por isso, quem aprende é ativo no processo. Fernando Becker chama esse modelo de pedagogia relacional.

O professor adepto da pedagogia relacional sabe que ele não é o detentor do conhecimento e entende que o aluno é o centro da aprendizagem. Nessa relação, o conhecimento é produzido mutuamente em um processo de interação e trocas.

Há quem diga que a aprendizagem construtivista não é tecnicamente eficaz, pois parece não haver cobrança do professor para a aprendizagem, do mesmo modo que ocorre em outras vertentes teóricas.

Acontece que o professor construtivista não pode simplesmente entender que um dia, quando o aluno estiver “maduro” para a aprendizagem (em um sentido quase inatista), ele irá aprender. Nesse caso, é necessário sistematizar novas oportunidades de aprendizado, procurando permitir que o sujeito faça novas relações e seja capaz de aprender, e aí as tecnologias criam um mundo de possibilidades.

O meu argumento, nesse sentido, é que não basta ser construtivista, quando, na verdade, desloca-se toda a responsabilidade da aprendizagem para o próprio sujeito. Isso não parece inatismo? Pensar nessas perspectivas nos ajuda a refletir, enquanto professores, sobre nossa própria prática pedagógica. Como entendemos que ocorre a aprendizagem? Esse entendimento reflete-se diretamente nas escolhas que fazemos na própria sala de aula e nas experiências que possibilitamos aos alunos.

Se o professor for mais inatista, pouco fará para promover a aprendizagem; se for empirista se debruçará em aulas extensivamente expositivas e de exercícios. Por outro lado, se entender que a aprendizagem é fruto de um processo de interação e trocas (construtivista) ele irá procurar diversas estratégias que permitam ao aluno ser o centro do processo de aprendizagem, mas, de modo algum irá diminuir o papel que tem de sistematizador de experiências de aprendizagem.

É claro que entender basicamente os pressupostos da aprendizagem é fundamental para nos constituirmos como professores. Um problema que percebo se dá por duas perspectivas: a primeira, o professor não conhecem os pressupostos básicos da aprendizagem; a segunda, conhece estratégias de ensino das mais básicas às mais modernas, mas segue compreendendo que a aprendizagem é centrada na responsabilidade dele.

Nesse sentido, é preciso se deslocar das concepções tradicionais de aprendizagem e propor estratégias que estejam condizentes com as novas demandas que o século XXI nos apresenta.

Este texto é uma adaptação do Capítulo 1 do Livro Pensamento Computacional e Tecnologias: Reflexões Sobre a Educação no Século XXI, do autor Paulo Antônio Pasqual Júnior.

A potencialização do ensino passa pelo uso de softwares e soluções tecnológicas que aperfeiçoam o aprendizado em um mundo digital. Para entender melhor, o conceito de software educacional, precisa-se saber que é um programa de computador, um aplicativo ou um sistema que tem a função de facilitar algum processo na educação.

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